ONLINE AGORA

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Mais um policial militar é morto no Pará

(Foto: Celso Rodrigues)

“Daqui a uns dias não vai ter mais polícia no nosso Estado. O Governo está omisso, os policiais morrendo e a corporação não pode dar uma resposta a altura porque existe uma base legal para toda e qualquer ação.

Qual a saída então? O que fazer? Os familiares e amigos de policiais então com medo de perder seus heróis. Governador, vamos tomar providências!”. O desabafo foi postado por um internauta ontem no Facebook oficial da Polícia Militar do Pará, abaixo de uma homenagem feita pelo administrador do espaço em alusão ao dia do soldado. De fato, como mencionou o internauta identificado como Thiago Brito, os “homens de verde” estão perdendo a guerra contra a criminalidade, e tendo seguidas baixas. Ontem, outro policial militar morreu. Foi o 15º apenas neste ano, o segundo em menos de uma semana.

Alvo da própria violência que combate todos os dias no estado do Pará, o cabo Fernando César Forte da Câmara, de 33 anos, lotado no 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), foi baleado com um tiro na cabeça, no início da madrugada de ontem (25), no bairro Castanheira, em Belém, atrás de um shopping, em circunstâncias ainda não esclarecidas. 

De acordo com a escrivã da Polícia Civil Herondina Santos, plantonista da Delegacia de Serviço de Policiamento de Combate de Crimes Violentos (SPCCV) do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, a vítima estava à paisana na companhia de outro policial em um carro particular, quando teria parado para comprar um bombom em uma barraca de doces. Neste momento o autor dos disparos teria se aproximado em um carro modelo Siena, cor branco, sacou a arma e desferiu um único tiro nele.

O policial que acompanhava o cabo baleado disse que eles pararam para comprar uma bala, um bombom. Quando o cabo desceu do carro foi abordado por um homem que disparou um tiro na cabeça dele. Depois disto, o próprio colega da vítima, que o aguardava dentro do carro, o socorreu em seu veículo e o trouxe aqui para o hospital”, disse. Conforme a policial civil, a suspeita inicial repassada pelo colega de farda da vítima, que não teve o nome revelado, é de que o cabo Fernando tenha sido alvo de uma suposta tentativa de assalto. Porém, nada teria sido roubado da vítima. “Não informaram se ele estava armado e se roubaram a arma. Os policiais acreditam que tenha sido uma tentativa de assalto, mas suspeitam também de uma emboscada. O estado dele é grave”, concluiu ela. Horas depois, veio a confirmação do óbito. 

OUTRA MORTE

Na última terça-feira, outro PM tombou enquanto combatia a criminalidade. O cabo PM Márcio José Soares de Farias, de 34 anos, seguia na viatura pelo bairro das Flores, em Benevides, Região Metropolitana de Belém, quando viu 2 homens e decidiu abordá-los – cumprindo, nesse sentido, uma de suas funções enquanto policial. 

Mas os suspeitos estavam armados e atiraram contra o policial, que ficou ferido e, em seguida, levado para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua. O tiro acertou o ombro direito do policial e a suspeita é de que o projétil tenha perfurado o pulmão. Tão logo deu entrada no hospital, o cabo Márcio foi submetido a uma cirurgia. À tarde, o Metropolitano confirmou o falecimento dele. Ele partiu deixando esposa e 3 filhos.

Policiais militares revelam: trabalham com medo!

“Está cada vez mais difícil ser policial”, disse um oficial da Polícia Militar, ontem (25), durante o velório do cabo Fernando Fortes da Câmara, 33. O desabafo do sargento – que teve a identidade preservada – deixou ainda mais evidente a crescente violência que ronda até mesmo aqueles que são responsáveis por combater a criminalidade e garantir a segurança da população.

A fala do policial foi completada por uma preocupante revelação sobre a existência de comandantes PM’s que, para ir e vir do trabalho, precisam de escolta policial para não serem as próximas vítimas de criminosos. Isto leva a perceber que este aparente extermínio de policiais está longe de acabar diante da carência de políticas públicas sociais e de segurança que possam reverter este quadro de matança de policiais militares.

Durante o velório do corpo do policial, realizado em uma igreja no bairro da Pratinha, em Belém, familiares e amigos buscavam entender o contexto do crime e as circunstâncias na qual Fernando Fortes foi baleado.

O soldado PM Dos Santos, que trabalhou com o cabo Fernando por 4 anos no bairro da Terra Firme, exaltou o comportamento extrovertido e a disciplina que o colega de farda mantinha durante os trabalhos. “Ele fez o concurso para oficial da PM, em 2010, mas não passou porque faltou um exame médico. Recorreu na Justiça e o caso ainda estava em tramitação”, lembrou Santos.

Fernando tinha 11 anos de carreira na Polícia Militar, se formou em Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Federal do Pará (UFPA) há 2 anos, e pretendia dar aula em comunidades carentes. O militar deixa uma esposa e um filho pequeno. “Atualmente, sonhava em dar aula na área em que se formou”, desfechou o soldado Dos Santos.

Sepultamento

O corpo do cabo Fernando César, 33 anos será sepultado na tarde desta sexta-feira (26), em um cemitério localizado em Marituba, Região Metropolitana de Belém.

(Fabrício Nunes e Denilson D'Almeida/Diário do Pará)

Nenhum comentário:

Postar um comentário